Entrevista com o Pr. Silas Malafaia
Qual é a principal mensagem que vocês vão passar na Marcha para Jesus no Rio?
Silas Malafaia: Ela é baseada em quatro princípios que
acreditamos: em favor da liberdade de expressão, da vida, da liberdade
religiosa e da família tradicional composta por homem, mulher e seus
filhos. Marcamos as posições que defendemos.
Isso ficou claro no evento realizado no ano passado em
São Paulo, quando foram abordados temas como a união gay e o aborto.
Uma de suas bandeiras é ser contra o projeto de lei que criminaliza a
homofobia. Por quê?
Silas Malafaia: Deixa eu te falar uma coisa, amigo. Os
grupos ativistas gays passam de usuários da liberdade de expressão para
censores. Essa lei, como está aqui no Brasil, não existe em nenhum lugar
do planeta Terra. Ela fere frontalmente a Constituição, é uma piada. A
Constituição diz que ninguém pode ser cerceado por convicção religiosa,
política ou filosófica. É uma lei do privilégio.
Mas o senhor não acha que deveria ser feito algo para evitar as discriminações e agressões físicas aos gays?
Silas Malafaia: Não desejo que ninguém morra, ok? Mas
os homossexuais dizem que foram assassinados 260 deles no ano passado.
Cinquenta mil pessoas foram assassinadas no Brasil no ano passado. O
número de homossexuais mortos representa 0,52%. Um dado que eles não
falam: grande parte das mortes é resultado de briga de amor entre eles.
Que papo é esse? No mínimo, uns 50%. Homofobia é falácia de ativista gay
para manter verbas para suas ONGs para fazer propaganda de que o Brasil
é um país homofóbico. Homofóbico uma vírgula, amigo.
Por causa desses números, que o senhor considera baixos, a lei não precisaria ser criada?
Silas Malafaia: É lógico! E tem outra, amigo. Na lei
diz o seguinte: pena de três a cinco anos de cadeia para as pessoas que
impedirem a presença de qualquer homossexual em locais públicos de sua
relação afetiva. O lugar do culto, o templo, é garantido pela
Constituição, mas o pátio da igreja não está. Significa que, se um casal
de homossexuais estiver se beijando no pátio da minha igreja e eu
colocar para fora, vou pegar de três a cinco anos de cadeia. Que
história é essa? É uma aberração! No Brasil, pode-se criticar
presidentes, políticos, ministros, pastores, padres, o diabo. Se
criticar homossexual, é homofobia. Manda esses caras verem se eu tô na
esquina!
O senhor acredita que possa haver ex-gay?
Silas Malafaia: Se você quiser, eu te mostro. Existe
uma associação de ex-gays. O cara que preside foi travesti em Roma, com
silicone no peito e na bunda (ri). Ele é casado há dez anos. Ser
homossexual é um comportamento, como tantos outros. Ninguém nasce
homossexual. Não tem ordem cromossômica ou determinismo genético. Mas o
cara quer ser gay? É um direito dele. E essa conversa do deputado
federal gay de que a igreja evangélica provoca tortura física e
psicológica para curar gays? Isso é um safado, mentiroso! Quando é que a
igreja força alguém a deixar de ser gay? A igreja não cura, ela
trabalha com uma palavra chamada libertação.
E se o seu filho fosse gay, o que o senhor faria?
Silas Malafaia: Amaria 100% e condenaria sua prática
100%. Não deixaria de amá-lo, mas garanto que ia condenar. Há uma ideia
na sociedade de que amar é ser tolerante e encobrir o erro do outro.
Pelo contrário, amar é dizer a verdade e confrontar o outro para
ajudá-lo a ser melhor.
O presidente americano Barack Obama declarou recentemente ser a favor do casamento gay. O senhor acha que essa posição pode fortalecer o movimento gay?
Silas Malafaia: Sim. Mas, pressionado, o presidente
Obama está fazendo um jogo de uma cartada de alto risco. Se a eleição
americana tivesse um republicano forte, com liderança, jamais o Obama
abriria a boca para falar isso. É ruim, amigão.
Ultimamente as telenovelas da Rede Globo costumam contar com personagens homossexuais. Qual é a sua opinião?
Silas Malafaia: (Irônico) Querido, muitos escritores da
Globo são gays, né, irmão. O mais famoso deles é gay declarado. Escrevi
uma carta para a direção da Globo dizendo o seguinte: imagina se na
novela das 18h, das 19h, das 21h e nos humorísticos tivessem personagens
evangélicos. Não ia ser uma chatice? Acho que sim. Eles estão caindo no
ridículo porque já está ficando chato demais. E outra. Você já viu que
os gays nas novelas são politicamente corretos? E os evangélicos são
babacas, estúpidos, idiotas. Qual é o objetivo? Irmão, o ser humano é um
ser social, que vive de identificação. A televisão é um instrumento
poderoso para mudar comportamento.
O senhor costuma dizer que a maior parte dos abortos é fruto
de promiscuidade e irresponsabilidade. E em casos de estupro e de bebês
anencéfalos, qual é a sua opinião?
Silas Malafaia: Irmão, sou contra qualquer tipo de
aborto e te explico o motivo. Na gestação, o agente passivo é a mãe. O
agente ativo é o feto, ele não é prolongamento do corpo da mãe. É o bebê
que regula a estação da mãe, o líquido amniótico. Se não estivesse
protegido por aquela capa, ele era expulso do corpo da mulher como um
corpo estranho. Doa essa criança!
Algumas pessoas defendem a ideia de que muitas mulheres
morrem em clínicas clandestinas de aborto. Se a prática fosse
legalizada, isso não ocorreria. O aborto é uma questão de saúde pública?
Silas Malafaia: Saúde pública é proteger a mãe e o
bebê. Não existe saúde pública protegendo a mãe e matando o bebê. Saúde
pública é dar vida, longevidade.
Em junho do ano que vem, a Igreja Católica vai realizar no Rio a Jornada Mundial da Juventude, com a vinda do Papa. O que o senhor acha da realização desse evento na cidade?
Silas Malafaia: Parabéns para a Igreja Católica. Acho bacana a conscientização à juventude. Dou parabéns, não tenho nada contra.
Foi veiculada na Rede Record, do bispo Edir Macedo, uma
matéria atacando o apóstolo Valdemiro Santiago. Após a exibição, o
senhor declarou que era o “sujo falando do mal lavado”.
Silas Malafaia: Eu já defendi ambos em situações
difíceis, até de perseguição. Não me arrependo. Critiquei a matéria
porque quem é Macedo para falar de Valdemiro? Como ele pode fazer essas
acusações? Ele tem que ficar quieto. Com que dinheiro foi comprada a
Rede Record? Com a oferta de dízimos. Então ele não tem autoridade para
falar. E o senhor Valdemiro, que vem batendo no Macedo, também não tem
autoridade para falar. É feio para o Valdemiro cuspir no prato que
comeu.
Como é a sua relação atual com eles?
Silas Malafaia: Mantenho distância dos dois por causa
das posturas desleais que ambos tiveram comigo. O Valdemiro comprou o
meu horário na TV, oferecendo uma quantia maior. Defendo o cara no meu
programa quando outros descem o pau nele e ele vai por trás e compra o
meu horário? (Indignado) Tenho princípio de caráter e moral, amigo. O
Macedo eu defendi, sem ter me pedido, quando ele foi preso. Marquei
minha posição. Aí, ele aumentou quase dez vezes o valor do horário que
eu tinha na emissora dele para me colocar para fora porque não quis
participar de um esquema político.
Como era esse esquema?
Silas Malafaia: Ele queria que eu me candidatasse em
1998 a deputado federal e neguei. Se ele tivesse caráter e falasse que
não me queria mais na emissora dele, eu o teria respeitado. Sua atitude
não foi só deselegante, como também faltou ética.
Tantos anos depois desse convite, hoje o senhor pensa em entrar para a política?
Silas Malafaia: Amigo, sou pastor. Sou um cara para
influenciar, não para ser. Aqui no Estado do Rio, ajudei a eleger meu
irmão (Samuel Malafaia – PSD) como terceiro deputado estadual mais
votado e ajudei outros três deputados federais. Quero influenciar. Ser,
nunca. Nem para o cargo de assistente de carimbador de vereador quero
concorrer.
Em 2009, houve uma polêmica com o jatinho que o senhor comprou nos Estados Unidos. Em quais situações ele é utilizado?
Silas Malafaia: Não tenho nada a esconder, irmão. Nunca
enganei as pessoas que colaboram comigo. O avião era usado, custou três
milhões de dólares e está em nome da Associação Vitória em Cristo. Sou
presidente de uma instituição, viajo pra cima e pra baixo, ela tem
fundos, meus parceiros são informados do que vou fazer e querem me
acusar de quê? O Papa pode andar de jumbo. Mas pastor quando anda de
avião é ladrão e está roubando o povo otário que não sabe nada.
Como é o nível de escolaridade dos fiéis da sua igreja?
Silas Malafaia: Amigo, na minha igreja tem
desembargador, procurador, empresários, pessoas fazendo doutorado e
gente pobre também. A igreja evangélica tem todos os tipos de classe.
Pensam que ela é formada por um bando de babacas iletrados e um malandro
toma o dinheiro deles e faz o que quer. Igreja, como qualquer entidade
sem fins lucrativos, não paga Imposto de Renda, mas é obrigada a
declarar o movimento. Se eu estiver fazendo sacanagem, vou para o saco,
irmão!
E por que teve tanta repercussão aquele vídeo (assista) em que o senhor pedia um mês de aluguel para plantar a semente da casa própria?
Silas Malafaia: Vai ver o troço, rapaz (irritado). Fiz
um vídeo para os membros da minha igreja. Uma campanha: se você acredita
e quer, pegue um mês de aluguel, que pode ser dividido por um ano, e
semeie pela fé como oferta na igreja, acreditando e crendo que Deus vai
abrir uma porta para você ter uma casa própria. É para quem crê. Ninguém
é obrigado.
Não são por causa de iniciativas como essa que surgem os preconceitos?
Silas Malafaia: Filho, não posso prometer aquilo que
não tenho poder para dar. Uma coisa é dizer (eleva o tom de voz): me dê
uma oferta que você vai comprar a sua casa própria. Outra coisa é dizer
(abaixa o tom de voz): meus irmãos, quero fazer uma campanha de fé para
quem desejar. Se você não crê, não faça. Quer ir à minha igreja para ver
os testemunhos de quantas pessoas que moravam de aluguel compraram a
casa própria? Irmão, com todo respeito, não sou um pastor analfabeto.
Tenho formação. Não sou um mané e nem minha igreja é de idiotas. Se
chego na minha igreja e digo que, se o cara der uma oferta, ele ganha
aquilo, sou colocado pra fora.
De onde vem o seu dinheiro?
Silas Malafaia: Sou dono da editora Central Gospel. Da
igreja tenho direito a salário, mas como estou no projeto gigante de
abrir igrejas, abri mão. Sou o pastor que mais vende palestras em DVD e
livros no País. No ano passado, só a Avon comprou mais de 500 mil livros
meus. Nos últimos cinco anos, vendi em cada ano mais de um milhão de
livros. Como tenho outro meio de renda, abri mão do salário da igreja.
Não porque ela não quis pagar. Ela paga muito bem a pastor.
E o senhor faz declaração do Imposto de Renda…
Silas Malafaia: Lógico, hermano. Tudo meu, brother,
está declarado. Um apartamento que tenho em Boca Ratton, nos Estados
Unidos, usado pelo meu filho quando estava fazendo universidade,
financiado em 30 anos, consta na declaração de ativos no exterior no
Banco Central. Estou muito bem documentado. Meu amigo, o único animal
que tenho é um cachorro, não tenho gado, fazenda nem sítio. Moro em uma
boa casa em um condomínio no Recreio dos Bandeirantes (bairro da zona
oeste do Rio), que adquiri a cinco ou seis anos. Tenho minha consciência
limpa. Sou dono da segunda maior editora gospel do País. Ela fatura
mais de R$ 50 milhões por ano. Então acho que posso ter alguma coisinha.
Quanto ganham em média os pastores da sua igreja?
Silas Malafaia: Ninguém ganha igual. Cada um tem o seu
valor. Tenho pastores que ganham entre R$ 4 mil e R$ 22 mil. Pastores
que mando para outro estado, pago casa, água, luz, escola dos filhos,
gasolina. Dou dignidade aos caras. Não trabalho com zé bobão. Tinha dois
pastores que eram advogados e possuíam escritórios de advocacia.
Cheguei e perguntei: amigo, o que você quer ser? Pastor ou advogado?
Qual é teu chamado? Pastor? Então fecha essa porcaria e vem comigo. Não
tenho gente que não ia ser nada na vida e virou pastor.
O senhor diz que é o único pastor que fala em valores. Quanto o senhor paga pelo o seu tempo na TV?
Silas Malafaia: Não posso dizer o que pago na Band por
regra contratual. Na Rede TV, pago R$ 900 mil por mês. Na CNT, pago R$
450 mil. Eu dou número, amigo. Não tenho problemas.
Para finalizar, o senhor aceitaria receber dízimo de um político de Brasília?
Silas Malafaia: Amigo, em todo seguimento tem bandido.
Pastor, padre, jornalista, médico, advogado e vai embora. Se um cara é
membro da minha igreja e dá o dízimo, ele não dá na minha mão. Tenho 25
mil membros. Meu irmão é deputado no Rio. Dá dízimo na minha igreja. Se
um cara chega para mim e diz que fez uma tramoia, não quero. Não posso
ficar perguntando a 25 mil membros de onde vem o dinheiro. Recebo o
dízimo porque não acredito que todo político seja bandido. Se eu souber
de onde vem o dinheiro, muda a situação. Ô pastor, fiz um negócio aqui
com a Delta ou com o Cachoeira… (ri)!
Fonte:
Gospel+
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